domingo, 23 de julho de 2017

É possível ensinar empatia aos nossos filhos?

Ontem à noite assisti ao filme Nise, no coração da loucura. Enquanto via o filme eu refletia muito sobre como nossas experiências de vida são (ou não) humanizadoras. Sim, como uma boa piagetiana sei que não somos, unicamente, produto do meio. Mas sei, também, que para compreender os comportamentos morais ou não dos homens, torna-se necessário saber a perspectiva ética que eles assumem. Dessa forma, é preciso compreender que resposta eles darão à pergunta feita pela ética (que vida viver?), para compreender as formas como agem e desejam ser reconhecidos.
Nesse sentido, Levando em consideração que a perspectiva ética adotada pelos indivíduos não é formada exclusivamente por questões psicológicas, eu pensei muito nos aspectos culturais e sociais que compõem os modos de viver a vida boa almejada pelo plano ético. Para pensar melhor sobre isso, recorri ao grande Yves de La Taille quando nos leva a pensar que numa sociedade na o sucesso é tão importante, acaba por convencer seus indivíduos de que somos acima e para além dos outros. Isso pode levar os sujeitos a um individualismo exagerado, e, por conseguinte, a pouca experiência em torno da empatia. Sim, este autor nos leva a entender que os valores difundidos culturalmente constroem “modelos” de felicidade, e, com isso, penso que as nossas experiências podem ser sim humanizadoras (ou afastar todas possibilidade de humanização).
O filme me tocou demais como ser humano e, como não poderia ser diferente, me tocou como mãe. Pensei em como eu tenho oportunizado meu pequeno Tomaz a, também, se humanizar e como eu tenho permitido que ele viva com o outro reconhecendo-o, sentindo-o, respeitando-o, ou seja, o quanto ele é capaz de ser empático. Sei que já faço muitas coisas na sua educação neste sentido, mas, sei, também, que ainda há muito a fazer.
Eu quero muito, do fundo do meu coração, que Tomaz seja capaz de experimentar a empatia, capacidade que eu busco, permanentemente, ao longo da minha vida. Mas o que seria empatia? Na prática, viver a empatia equivale a, metaforicamente, “calçar os sapatos” do outro. Para La Taille (2006), este sentimento caracteriza-se pela capacidade humana de perceber os estados emotivos alheios, afetando-se emocionalmente por eles. Não basta apenas saber o que os outros sentem, mas, sim, afetar-se com isso. A empatia, então, funciona como um “operador emocional”, passível de motivar uma pessoa a preocupar-se com os outros, tendo uma íntima relação com a moral, notadamente com o altruísmo.
Por isso, eu penso que não podemos abrir mão de educarmos nossos filhos para empatia. Mais do que educá-los para submissão cega (que muitos julgam positivamente: esta criança é muito obediente) ou para “respeitarem os mais velhos”, precisamos educar as crianças para respeitem a todos (incluindo elas próprias), a fim de que superem comportamentos que precisam ser combatidos, tais como o preconceito e a violação dos Direitos Humanos.
Em geral, as variáveis ambientais favorecem o desenvolvimento da empatia quando o ambiente no qual a criança está imersa é cooperativo, oferecendo a ela uma variedade de oportunidades para experimentar e expressar diferentes emoções, satisfazendo as suas necessidades físicas e emocionais, desestimulando a preocupação excessiva por si mesma (MOTA et al, 2006).  
Algumas ações dos pais ou cuidadores contribuem muito para que a criança possa aprender empatia. Por exemplo, reconhecer o sentimento das crianças sem banalizá-los ou negá-los, ouvindo e compreendendo as expressões de mal-estar que ela sente, faz com que a criança se sinta segura, sendo, portanto, precursor da empatia, uma vez que desperta o interesse da criança por quem se ocupa dela. Por outro lado, a negação às expressões de mal-estar e impotência da criança e a rejeição em resposta às suas necessidades relacionam-se negativamente à empatia infantil, já que promovem a preocupação autocentrada, ao invés de fortalecerem senso de segurança.
Pensando em como ajudar nossos filhos e filhas a serem mais empáticos, fiz uma série de reflexões em torno a ações que podem ajudar numa educação que busca, efetivamente, a formação de filhos empáticos. São elas:
1-      Dirigir a atenção da criança ao mal-estar do outro em momentos nos quais ela fere ou magoa, fazendo-a se imaginar em seu lugar;
2-      Favorecer à criança que foi ferida que possa falar sobre como se sentiu diretamente para a outra criança que a feriu;
3-      Utilizar estratégias educativas que não se baseiem em maus tratos, levando sempre a criança a refletir sobre como seu comportamento afeta os outros. É preciso pensar em suas ações, pois isso favorece a empatia.
4-      Não fazer uso de estratégias coercitivas e violentas na educação das crianças, posto que a coerção e ameaça de punição, com o objetivo de melhorar o comportamento, podem promover a preocupação voltada para as consequências externas e prejudicar o comportamento empático. Ainda, o uso de castigo físico repetido parece estar relacionado a um padrão de comportamento agressivo da criança em suas outras relações.
5-      Um estudo desenvolvido por Barnett, Thompson e Pfeifer indica que oferecer à criança oportunidades para cuidar e ajudar os outros faz com que ela perceba a sua capacidade para aliviar o mal-estar, inclinando-a a empatizar com os coleguinhas menos competentes.
6-      A atribuição de qualidades positivas é outra boa estratégia para promover o autoconceito pró- social. Desse modo, é importante valorizar as boas ações da criança, evidenciando o valor em seus comportamentos empáticos.
7-      Estimular a criança a perceber os outros como semelhantes pode contribuir para o desenvolvimento e a expressão da empatia. Com isso, devemos valorizar a diversidade e estimular na criança o reconhecimento de que todos somos semelhantes.  
8-      Pais e mães empáticos tendem a ser mais responsivos aos sentimentos das crianças, além de servirem como modelos de comportamento.
9-      Usar filmes e desenhos infantis para chamar atenção ao que os personagens vivem e sentem também pode ser uma boa estratégia para que a criança consiga se inclinar aos estados afetivos alheios.
10-  Valorizar mais as pessoas que as coisas; evidenciar a importância de promover o bem-estar alheio e, ainda, favorecer a generosidade e a caridade podem ser outras questões importantes.


Certamente este processo humanizador de nossos filhos precisa, sim, ser um processo humanizador nosso também. Nunca é tarde lembrar que em matéria de ética só pode ensinar que possui. Assim, se queremos, realmente, formar filhos empáticos, deveremos exercitar a nossa empatia para com eles no momento que os educamos e interagimos com os outros.


domingo, 9 de julho de 2017

Por que a adoção demora tanto?

Como a maioria já sabe, estamos num processo para ingressarmos no Cadastro Nacional de Adoção há mais ou menos 8 meses. Neste período de quase uma gestação, já enfrentamos angústias referentes ao que consideramos morosidade do processo (foram 7 meses para a primeira entrevista), já enfrentamos tristeza pelas dificuldades que aparecem e, no post de hoje, falarei sobre nossa surpresa em sabermos que há muito mais casais para adotar do que crianças em condições de serem adotadas.

Por mais estranha que esta informação pareça, na nossa primeira entrevista fomos informados de que hoje não há nenhuma criança no cadastro-CNA em condições de ser adotada para o perfil que escolhemos (crianças até 6 anos de qualquer sexo ou localidade do país). Isso porque, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adoção somente pode acontecer quando a família de origem for destituída do poder familiar, os pais biológicos forem desconhecidos ou, em sendo estes falecidos, não existir parentes disponíveis a acolher a criança.

Desse modo, a maioria das crianças que hoje estão abrigadas ainda permanecem com vínculos jurídicos com suas famílias de origem e, para nossa justiça, a preferência é que se priorize o seu retorno para o convívio com esta família. A preservação dos vínculos familiares é um dos aspectos fundamentais do acolhimento de crianças e adolescentes, fundamentado na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, nas Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes e na Lei da Adoção.

Confesso que, vivendo a experiência vagarosa de me tornar uma pretendente à adoção (embora esteja há 8 meses neste processo, ainda não ingressei no CNA) sou acometida de um sentimento bastante ambivalente: compreensão e revolta. Explico-me melhor: compreendo a importância da convivência com a família de origem e a necessidade de ser respeitar o amparo legal que prioriza a preservação dos vínculos familiares, mas, ao mesmo tempo, me indigno que se passe tanto tempo tentando resgatar vínculos que justifiquem o retorno de uma criança para uma família que, por vezes, não a quer ou não tem como cuidar dela.
                                                                   
Enquanto isso, mais de 4 mil casais encontram-se, hoje, em condições de adotar uma ou mais crianças, desejosos por constituírem uma família e, diante do cenário atual, não conseguem. Isso porque mais da metade das crianças abrigadas não podem ser adotadas. Com isso, o tempo passa, as crianças crescem e muitas delas não conseguem ser adotadas (já que a adoção tardia ainda é muito tímida no Brasil) nem, tampouco, voltar às suas famílias de origem.

Muitas campanhas têm sido criadas estimulando os casais a adotarem crianças mais velhas. Acho muito válida a ação. Entretanto, isso é insuficiente. É preciso agilizar o processo. É necessário que estudos sejam realizados e publicados esclarecendo como tem sido o retorno das crianças às suas famílias e como tem se dado o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social dessas crianças que regressam aos seus lares de origem.  

Isso porque boa parte das crianças e adolescentes que estão em abrigos lá estão por terem seus direitos violados, sofrendo abandono, risco pessoal/social, negligência de seus pais/responsáveis, carência extrema de recursos, abandono, violência doméstica, dependência química, vivência de rua e a orfandade. Neste sentido, são comuns as dificuldades para a reinserção familiar em decorrência de episódios de ameaça ou violação dos direitos de crianças e adolescentes, tornando-se urgente que pensemos em formas mais eficientes de garantir um direito fundamental às crianças: direito a um lar e a uma família.

Falo isso por ter vivido ontem meu primeiro encontro no Grupo de Estudos e Apoio à Adoção (GEAD Recife). Nele, pudemos ouvir depoimentos de 04 pessoas adotadas que hoje são adultos extremamente gratos à possibilidade de terem vivido em suas famílias afetivas. Família não é a consanguínea (não em minha opinião), mas, sim, aquela em que cuidamos e somos cuidados, amamos e somos amados, respeitamos e somos respeitados.

Por que negar isso a uma criança por tanto tempo em nome de preservar vínculos com pessoas que, nem sempre, podem ser chamadas de família? Muitas vezes, as situações que levaram à perda do poder jurídico da família em relação à criança podem, ainda, não ter sido superadas e podem, inclusive, nunca ser. Desse modo, levanto outra questão: qual o tempo ideal em que devemos manter a busca pelo reestabelecimento dos vínculos?

Não tenho resposta para estas questões. Só tenho um desejo imenso de que as crianças e adolescentes deste país sejam sempre tratados como prioridade. Se for melhor para elas, de fato, que os vínculos familiares sejam mantidos, desejo que o Estado consiga fazer a reintegração familiar eficientemente.


Caso o melhor para estas crianças seja a aquisição de uma nova família via processo de adoção, desejo que o Estado repense as políticas atuais e torne o processo mais célere, a fim de que tantas famílias dispostas a amar uma criança tenham a possibilidade de doar este amor.

domingo, 18 de junho de 2017

O mundo é de agora em diante

Muitos aqui já sabem que nossa corrida para aumentar a família é grande e árdua. Como convivemos com o fantasma da infertilidade e, ao mesmo tempo, desejamos muito que a família cresça, contamos com a persistência de quem quer muito mais filhos e vai atrás das possibilidades.
Já fizemos de tudo: simpatia, remédios naturais, posições mirabolantes que podem favorecer a gestação, etc. Também já adotamos o caminho da medicina e fizemos muito tratamento para engravidar, passando por longos estresses que só conhece quem faz milhares de ultrassonografias por mês para acompanhar a ovulação e tentar acertar com os poucos óvulos que possui (Pois é, o que parece fácil para muitos é, para alguns, verdadeira loteria).
Desde o ano passado, decidimos percorrer outras estradas e tomamos a decisão de ampliar a família via uma adoção, gestando em nossos corações a espera por mais uma criança (ou duas, quem sabe?!) que chegará para aumentar o amor que existe em minha família e que deseja tanto ser vivido ao lado de mais gente.
Esta semana estamos vivendo um momento especial neste processo: será nossa primeira entrevista depois de uma longa espera de mais de um semestre. Para quem está com o coração cheio de amor e ansiedade, estes meses pareceram anos e eu, Pery e Tomaz aguardamos este dia cheios de expectativa para sabermos como será daqui para frente: ainda demora muito? Será rápido? Saberemos em quanto tempo quem será nosso(a) filho(a)?
Estas questões não têm saído de minha cabeça e a minha imaginação tem ido a mil pensando nesse filho (a): sua idade, seu sexo, suas preferências, gostos, desejos e expectativas... Sabemos que numa adoção o caminho é de mão dupla: enquanto estamos aqui na expectativa pela chegada deste(a) filho(a) ele(a) também está, em algum lugar, nos esperando.
É pensando sobre isso que decidi que escreveria um cordel para esta criança que nós esperamos e que, certamente, também, nos espera. Para este filho, que ainda se encontra em nosso ventre afetivo, de quem não sabemos nada, mas já amamos tanto, dedico estas palavras de amor que habitam em meu coração desde o dia que lhe desejei a primeira vez.




Te esperando

Neste dia de tanta espera
Por tu que já és tão amado
Queremos sempre que saiba
Que por nós já és desejado
Como filho, como irmão
Como sobrinho, de coração
És por todos muito esperado.


Saiba, isso não é só um texto
Também não é só uma poesia
Tudo que aqui lhe digo
Reflete a minha alegria
Pedindo a Deus discernimento
Pra falar desse sentimento
Da forma como eu queria

Por isso te digo meu filho
Ou serás minha filha amada?
Isso bem pouco importa
És a nossa criança esperada
Para quem daremos carinho
Encheremos de beijinhos
Nessa família abençoada

Seremos teus melhores amigos
Seremos, também, teus protetores
Compartilharemos tuas alegrias
Dividiremos as tuas dores
Saiba, amada criança
Nunca perderemos a esperança
De que sejamos teus guardadores

Ainda te digo será pra sempre
Pois te prometo amor materno
Receberás de todos nós
Um sentimento que será eterno
Pois um filho pode vir da gente
Ou chegar bem de repente
Despertando amor fraterno

O que vale mesmo é o amor
E que tenhamos a quem amar
Só quero, meu filho amado
Que consigamos te adotar
Pois é este nosso desejo
Darmos e ti mais que um beijo
Em nossa família terás lugar

Não é um lugar qualquer
Mas um espaço bem planejado
Serás nossa criança
Filho, irmão... bem desejado
A quem ainda não conhecemos
De ti nada sabemos
E mesmo assim já és amado

Filho ou filha não é de sangue
É fruto de uma decisão
De uma escolha de dar amor
Desses, no fundo do coração
Por isso te demos à luz
Ou és tu quem nos reluz
Esse amor que é imensidão?

Saiba que nosso sangue
É completamente indiferente
O que vale, meu querido
É o amor que tem na gente
Pois para mim a maternidade
E pra teu pai a paternidade
Tem a ver com o que se sente

Serás um pedaço de nós
Onde para sempre iremos estar
És a prova de que o amor
Não vem do fato de poder gerar
Basta que estejamos aberto
Pois nem sempre o céu é perto
Que presente é te adotar

Sabemos que não é só isso
Há algo que vai mais além
A adoção é uma via dupla
Quem adota quem? 
Todos vamos nos adotar
Decidindo nos amar
Os pais e filhos também

Temos certeza vai ser necessário
Algum tempo esperar
Para que tudo entre nós
Possa aos poucos se ajustar
Te daremos todo o tempo
Para que construas um sentimento
E seja capaz de nos amar

E assim vou terminando
Esperando esta alegria
Deste dia tão esperando
Quando iluminarás meu dia
Para te dar o verdadeiro
Um amor tão por inteiro
E calor em noite fria

Chega logo
Estamos te esperando
A muito tempo já estamos
Por aqui te desejando
Para de ti poder cuidar
Dar carinho, acalentar
Estamos só lhe aguardando







domingo, 4 de junho de 2017

Ajudando seu filho a se alfabetizar

                                             


Aqui em casa estamos em processo de alfabetização. O Tom começou, pouco a pouco, a compreender a relação entre sons e letras, e a compreender particularidades do sistema de Escrita Alfabética.
Meu esforço, como mãe e professora, não é de fazer o papel da escola, já que isso não me cabe, mas de criar um ambiente em casa que favoreça as conquistas do meu filho e contribua com seu desenvolvimento.
Para isso eu sigo algumas dicas que toda mãe pode fazer em casa e, com isso, vou estimulando sem cobrar de meu pequeno mais do que ele pode me dar. Não podemos esquecer que a infância não é uma corrida contra o tempo e que não é necessário que a criança leia e escreva rapidamente. A leitura e sua aquisição não é uma corrida na qual quem chega na frente vence. É preciso que este processo seja respeitoso a fim de que os pequenos estabeleçam uma relação prazerosa com a leitura.
Pensando nisso, eu faço:

1-     Reconheço que o mundo é letrado e exploro isso com meu Tom. Mostro para ele as placas, os nomes que estão escritos nos lugares. Exploro palavras que possuem escrita igual e/ou diferente. E faço isso com qualquer palavra, não apenas aquelas que julgo simples ou acho que ele consegue. Não acredito que a criança aprende a ler porque as palavras são simples, mas, sim, porque as palavras fazem sentido para ela. Para explorar o letramento tudo é válido: pacotes de bolacha, placas, outdoors, letreiro de loja, etc.
2-     Brinco muito com ele usando jogos pedagógicos. Faço brincadeiras com letras móveis que Tom chama de letras mágicas. 


     Também fazemos bingo de palavras, fazemos jogos de rima (essa fazemos muito no carro indo para escola). Vamos falar palavras que rimam com irmão: macarrão, feijão, manjericão... e também brincamos de palavras que começam iguais: bolo, bola, bolacha, boboca... Gosto muito deste da imagem a seguir. 
                                        Resultado de imagem para bingo de letras

3-       O ajudo nas tarefas de casa. Faço perguntas que vão além do enunciado, promovo reflexões sobre a língua, a partir de questões como: o que há de igual nestas palavras? O que há de diferente?


4-     Leio muito para ele. Leio, sobretudo, livros que brincam com a sonoridade das palavras. Como jogamos muito com os sons das palavras, ele ama quando percebe isso nos livros. Uns que ele adora são os  da Sylvia Orthof: Não confunda, Assim Assado e Você Troca?


5-     Recito muitos poemas e o ajudo a recitá-los também. A sonoridade das poesias ajuda muito no desenvolvimento da consciência fonológica. Há um tempo atrás, enquanto estudava a cidade do Recife, ele me perguntou: 
                                               - Mamãe, qual o bairro da minha avó? 
        Ao escutar eu dizer que o bairro era espinheiro ele me saiu com essa: É parecido com a escola de Bernardo: Maciel Pinheiro. 
6-     Tenho sempre no carro os CDs da Bia Bedran e coloco as histórias para ele ouvir. Como, quase sempre, as histórias dela trazem canções, eu brinco de trocar palavras da música por outras parecidas. As vezes ele troca por umas que parecem no começo e, as vezes, quando parece no final.
7-     E por fim, eu tento encantá-lo com o mundo das letras para que, maravilhado, ele queira dominá-lo.  


Termino com uma frase de Rubem Alves sobre o tema e que tem servido para que eu tome cuidado nesse processo de alfabetização de meu pequeno: O prazer da leitura é o pressuposto de tudo mais. Quem gosta de ler tem nas mãos as chaves do mundo. 



quinta-feira, 1 de junho de 2017

O Fantasma da Infertilidade

Lidar com o fantasma da infertilidade é algo muito difícil, e não há, para quem passa por este problema, nada que amenize a angústia e o sofrimento vivido. É muito desagradável quando compartilhamos com alguém a nossa dificuldade em engravidar e escutarmos coisas do tipo:
- “Você ainda é nova!””
- “Você vai conseguir” (sobretudo quando a tentativa se alastra por anos)
- “Mas você já tem um filho!”
Este último comentário é o que eu mais tenho escutado nos últimos anos, sobretudo pelas pessoas que estão mais próximas a mim. Sim, eu sei que as pessoas não falam isso por mal. Na verdade, ao dizerem esta frase elas querem acalmar meu coração dizendo que há outras pessoas em situação pior do que a minha: as tentantes que não conseguiram nenhuma vez.
É verdade, sempre há, em quase todos os cenários, pessoas em situações piores que a nossa. Mas isso não minimiza a dor de quem sente, não embota o desejo de mais uma criança, nem, tampouco, conforma as tentantes que desejam ter uma família ou ampliá-la.
O mais aconselhável, ao meu ver, é reconhecer o sentimento de quem sofre dizendo: "Imagino como se sentes. deve ser difícil mesmo!" Apenas isso já ajudaria a nos sentirmos acolhidas e diminuiria o nosso medo de estar fazendo uma tempestade num copo d´água. É isso, além de lidarmos com as frustrações lidamos, também, com os julgamentos alheios de quem não vive e, por isso, não entende bem o drama que é a infertilidade na vida de uma mulher. 
O drama se alimenta de sensação de fracasso: por que todas conseguem menos eu? sim, temos certeza que somos apenas nós, embora encontremos milhares de mulheres iguais nas salas de consultórios médicos. Se alimenta, ainda, de medo de não conseguir e, ainda, da dificuldade que é lidar com esta expectativa sem data certa para acontecer.

No meu caso este desejo se tornou ainda maior depois que meu pequeno Tom passou a evidenciar seu desejo infinito de ter um irmão. Dia desses ele me disse: 
- Mamãe, sabe qual o presente mais precioso que uma pessoa pode receber?
Eu lhe respondi: - Não, meu filho! Qual?
Ele disse: Um irmão! Ganhar um irmão deve ser melhor do que jogar vídeo-game.
De fato, Tomaz está certo! As minhas irmãs são os presentes mais preciosos que a vida me deu e permitir que meu pequeno possa experimentar esta relação é, para mim, um grande desejo.
Acontece que gravidez, para mim, não é uma conquista fácil. Tenho problemas com a ovulação, com a qualidade dos meus óvulos e com mais outras coisas que eu nem sei o que são. Isso tudo me angustia demais, sobretudo porque o desejo de ter uma família enorme sempre foi algo que me rondou o imaginário.
Não conseguir algo que sempre desejamos é uma frustração imensa e lidar com isso não é fácil. As vezes bate tristeza, outras vezes chega o desespero e, em outras, umas revoltas: Por que tantas mulheres que nem querem filhos engravidam enquanto eu, que quero tanto, não tenho esta sorte? 
Mas, como disse Cora Coralina, sempre podemos escolher! E eu escolho, diante desta dificuldade, continuar tentando ser mãe. Se não dá para gerar, vou para o cadastro de adoção, mas eu quero ter mais filhos e, como diz meu marido, de uma forma ou de outra eles virão.
É por isso que no primeiro post deste mês eu tomei a decisão de falar sobre este tema que me acompanha desde que casei, posto que iniciei o processo de adoção e será no dia 21 minha primeira entrevista neste processo. O coração está a mil e a ansiedade não cabe em mim. Sinto-me exatamente igual ao dia em que fui fazer a primeira ultrassonografia de Tomaz. 
Penso, a este respeito, que os filhos não precisam vir da gente, mas passar pela gente e eu estou com o coração cheia de esperança que outra criança, menino ou menina, virá para nossa família mais cedo ou mais tarde. 
Agora é esperar mais um pouco e esperançar pelo dia que minha família será maior. É continuar lutando, pois para infertilidade pode não ter muito jeito, mas para a maternidade há: a adoção.   



quarta-feira, 17 de maio de 2017

Mamãe, você pode ser cientista!

Hoje eu estava pensando na minha vida e na pessoa que me tornei depois que meu pequeno Tom nasceu. Em minhas reflexões me dei conta de como mudei... dos projetos que abandonei, dos tantos outros que iniciei (como este blog) e em como eu nem posso pensar em quem seria se ele não fizesse parte de minha vida.
Toda essa reflexão iniciou depois que eu participei, hoje de manhã, de uma entrevista no Bom Dia PE (Ver neste link próximo aos 45 minutos). Em casa, junto com a avó, Tomaz me viu na TV. Quando liguei para desejá-lo um bom dia e uma escola legal ele me disse:
- Mamãe, você é tão inteligente! Deveria ser cientista quando crescesse.
Esta fala simples me tocou de tal maneira que não parei de pensar em um minuto na sabedoria infantil (Talvez por isso Rubem Alves tenha dito: quem não abandonar sua maneira adulta de pensar a vida jamais será sábio).
Em primeiro lugar porque Tomaz deixou claro que eu ainda tenho um longo tempo pela frente e que, embora eu seja esta pessoa que eu sou, poderei ainda ser tantas outras e fazer tantas coisas que eu quiser. Isso me encheu de esperanças, já que eu posso, ainda, conquistar a mulher, a mãe e a filha que ainda desejo ser.
Segundo porque ele “me colocou no meu lugar”, me mostrando que ainda tenho muito o que crescer, aprender, ser e saber nesta minha vida de mãe, mulher, esposa, amiga, filha, irmã e professora.
E que bom que eu tenho meu pequeno Tom. Quem bom que ele, além de iluminar minha vida, me abre as portas para que eu possa me reinventar tantas vezes e me redescobrir às vésperas de completar meus 37 anos.
E por isso eu penso no privilégio que é tê-lo ao meu lado escutando, como trilha sonora de nossa convivência, a seguinte canção:

Felicidade é estar em sua companhia
Felicidade é ficar contigo todo dia
Felicidade é sentir o cheiro desta flor
Felicidade é saber que eu tenho o seu amor


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Carta para minha mãe


Normalmente eu faço uso deste espaço para falar sobre a minha maternidade e a minha relação com meu pequeno e amado Tom. Hoje mudarei um pouco o foco e, aproveitarei esta semana das mães para falar daquela com quem aprendi sobre ser mulher, ser mãe e ser guerreira: minha mãe.

Mãe, tenho certeza que você sabe de tudo isso, mas hoje é o dia de deixar registrado todo amor e gratidão que sinto por você que, ao longo de nossas vidas, nos ensinou que devemos amar os filhos acima de tudo e de todos.
Você que sempre nos tratou como prioridade, ensinou às suas filhas que a doação aos descendentes é a melhor coisa que podemos dar aos nossos herdeiros, favorecendo, com isso, a certeza de que somos a parte mais importante da vida de nossos pais.
Além disso, você nos ensinou a nunca desistir e encontrar forças até onde nem imaginamos. Nunca esqueceremos quantos dias acordava às 4 da manhã para dar conta de todos os almoços que tinha que preparar para nos sustentar de forma digna.
Com sua luta nos ensinou que nada justifica a desonestidade e que devemos crescer com o fruto de nosso trabalho e de nossa dedicação. A batalha é a alma da vitória (que tem seu nome) e, por isso, aprendemos com você que os fins não justificam os meios.
Nos ensinou, ainda, que devemos ser unidos e unidas e que a família é a base de tudo. Com sua luta nos educou dentro de um amor profundo, transbordando em nossos corações o desejo de nos mantermos sempre juntos e lado a lado.
Você nos ensinou o significado da certeza de que nunca estaremos sós. Esteve e está ao nosso lado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, nos amando e respeitando em todos os dias de nossas vidas.

E a você eu dedico toda gratidão por ter me ajudado tanto a desempenhar os muitos papéis que ocupo nesta vida (mãe, mulher, estudante e profissional), permitindo que meus sonhos fossem conquistados e se orgulhando por cada uma de minhas conquistas. Sem você, seu cuidado e sua inspiração nada disso seria possível. 


sábado, 6 de maio de 2017

Coisas que aprendi sendo mãe

Coisas que aprendi sendo mãe

Minha vida toda quis ser mãe... Queria ter muitos filhos, uma casa cheia, para que pudéssemos ter sempre uns aos outros nos acolhendo, nos cuidando, nos relacionando. Por algum motivo que não entendo bem, não tive esse privilégio. Tenho apenas um filho: mas o único que tenho é um menino tão especial que preenche minha vida e acalenta essa minha incompreensão sobre a justiça divina no quesito direito à maternidade.
Com ele tenho aprendido muitas coisas, algumas das quais compartilho neste post de hoje.
Aprendi que o nosso tempo é o nosso tempo e que o outro, incluindo o nosso filho, tem outros gostos, outro ritmo, outras preferências, desejos, vontades, ideias, motivações... o outro é o outro e isso já diz tudo sobre convivência humana.
Aprendi que os filhos não são extensões de nós, mas seres que vieram de nós (ou chegaram em algum momento até nós) para nos ensinar sobre doação e dedicação ao outro mais do que a nós mesmos.
Aprendi que as minhas expectativas são exclusivamente minhas e que Tomaz não tem nenhuma obrigação de fazer coisas para me agradar, já que ele é um menino que tem preferências e vontades próprias.
Aprendi que a gente deve evitar, a todo custo, ficar buscando similaridades em nós para compreensão dos comportamentos. Dizer, a todo tempo, que ele faz isso igual ao pai e aquilo igual a mãe é buscar uma parte de nós nele que, talvez, nem exista.
Aprendi que a forma mais legal de brincar com ele é sentando junto e parecendo confortável. Isso basta ao pequeno e é muito gratificante para mim.
Aprendi que se quero educá-lo para que seja justo e respeitoso preciso, primeiro, educar a mim mesma. Em matéria de ética só pode ensinar quem possui.
Aprendi com meu filho a superar a loucura do egoísmo, da mesquinharia ou qualquer outra coisa que lembre o individualismo. Com o Tom aprendi a não ser  centrada apenas em mim mesma, e, com isso, conseguir colocar o outro acima de mim. Há algo mais libertador do que conseguir sair de si e olhar o outro?
Com Tomaz aprendi a ser grata, a ser feliz com um olhar, com uma palavra. Aprendi, também, a admirar a canção (principalmente quando sai de sua boquinha), a educar os ouvidos para a simplicidade, a valorizar o amor e a nossa relação acima de qualquer outra coisa.
Por fim, com ele aprendi que eu sou a mãe dele, cheia de defeitos, mas, também, cheia de vontade de acertar. Aprendi (ou tento aprender) que sou a melhor mãe que ele poderia ter, porque meu amor por ele é capaz de superar qualquer coisa e de protegê-lo cheia de força e de vontade.

A melhor parte é que ele me ensinou, também, que tem certeza disso. Como ele mesmo disse: mamãe, eu não duvido que você me ama nem um tiquinho. 



quinta-feira, 27 de abril de 2017

A ciência e as razões pelas quais não se bate numa criança (nem em ninguém)

Sempre que estou em debates sobre as formas de educação parental, nas quais defendo fervorosamente uma educação sem violência, escuto defensores das famosas “palmadas pedagógicas” me dizerem:
- Eu apanhei quando era criança e, nem por isso, eu morri.
Mais surpreendentemente ainda, tenho ouvido pessoas dizerem que apenas “se tornaram gente” em função das palmadas, surras e chineladas que levaram e, quando questionadas sobre a eficiência dos métodos e sobre o que nos diz a ciência acerca de tais modelos educativos estas pessoas nos dizem:
- Eu sou o que sou pelas surras que levei. O que as surras fizeram comigo foi me transformar num homem ou numa mulher de bem.
Confesso que fico chocada com tais argumentos, sobretudo porque há muito conhecimento científico sobre o assunto nos mostrando justamente o contrário: os impactos negativos de uma violência são imensos e comprovados, ao passo que os impactos positivos são desconhecidos e duvidosos. Entretanto, conforme nos mostra o site Crescer sem violência, as crianças, quando apanham, desaprovam as palmadas. Entretanto, as palmadas resultam em adultos que aprovam essa tática ao invés de rejeitarem a violência como oportunidade, a não ser que suas infâncias tenham sido com disciplina física muito severa (The Primordial Violence: Spanking Children, Psychological Development, Violence, and Crime, 2013, Murray A. Straus, Emily M. Douglas, Rose Anne Medeiros. ISBN-13: 978-1848729537).
Talvez por isso, estas mesmas pessoas que se agarram a estes argumentos, em outras áreas de suas vidas, não fazem as mesmas apologias ao passado. Vejamos, em outrora todas as mulheres pariam em casa. Nem todas elas nem todos os bebês morriam. Mesmo assim, a modernidade modificou este cenário e a maioria das gestantes contemporâneas optam por parirem em hospitais. O que nos dizem os dados de pesquisa sobre isso? Melhor estrutura de parto diminui a mortalidade infantil e a materna. Sobre isso, ninguém discorda.
Outro dado também interessante é que em outras épocas as crianças iam às escolas apenas por volta dos sete anos. Sim, nossos pais não morreram por isso, mas por que enviamos nossos filhos ao colégio bem mais cedo na contemporaneidade? Os dados de pesquisa já evidenciaram os benefícios da educação infantil e das aprendizagens na primeira infância para o desenvolvimento humano. Além disso, há uma lei tornando o ensino obrigatório para todas as crianças a partir de 6 anos. É preciso, neste caso, além de validar o avanço científico, também, cumprir a lei.  
Além disso, quando nós, adultos desta geração, erámos crianças, andávamos amontoados num carro, sem cadeirinha (as vezes íamos na mala do carro com a tampa aberta). Andávamos no banco da frente sem cinto de segurança e, apesar de termos sobrevivido a isso, a maioria de nós age de forma diferente com nossos filhos. Além das leis que obrigam o uso dos equipamentos de segurança (as cadeirinhas desde 2010), dados do Ministério da Saúde apontam a diminuição de mortes infantis em 20% desde essa obrigatoriedade.
Mas porque acreditamos na ciência em tantos casos e desacreditamos quando ela envolve um tema tão sério como a educação dos filhos e o desenvolvimento afetivo e social deles? Em primeiro lugar, sendo a educação uma ciência humana, observamos a possibilidade de coexistência de várias teorias. Entretanto, nenhum dado científico conseguiu provar os benefícios de uma boa surra (por isso as pessoas recorrem às suas experiências empíricas e falam de como evoluíram via palmadas a partir de um argumento bastante egocêntrico para ser utilizado por um adulto: deu certo comigo dará com todos).
Em segundo lugar, em matérias de educação parental ainda somos levados a acreditar mais no senso comum do que no conhecimento científico. Mesmo assim, defendendo a tese de que viemos a este mundo para melhorá-lo, o que inclui evoluir em todas as instâncias, incluindo a educação dos filhos, decidi apontar algumas coisas para pensarmos sobre como educamos nossas crianças e as razões pelas quais devemos, a todo custo, evitar bater nos pequenos.  

Primeira questão: O tema da violência contra crianças e adolescentes é uma questão urgente e séria. Dados do CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – apontam que anualmente 6,5 milhões de crianças sofrem algum tipo de violência em suas casas.
Segunda questão: mesmo que o sujeito legitime a palmada e queira fazer uso dela, ele não pode. Bater numa criança é crime e deve ser punido. A lei Menino Bernardo, desde 2014, criminalizou as práticas educativas pautadas em maus tratos. Entretanto, embora esta lei tenha, apenas recentemente, explicitado tal proibição, a mesma já é bem mais antiga, posto que o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), aprovado em 1990 afirma que, "Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".
Terceira questão: As palmadas – mesmo que bem dadas, como julgam ser possível alguns pais – não permite a adequação de um comportamento, visto que possui um caráter externo. Quando a criança apanha ela não pensa sobre o ocorrido e, o que é ainda pior, compreende como permitido o uso da violência como forma de resolução de conflito com os seus iguais. A literatura tem evidenciado (TOGNETTA, 2003), inclusive, que crianças que apanham legitimam seu desejo de também o fazer para garantir aquilo que mais desejam: serem adultos iguais aos pais.
Quarta questão: A violência atinge diretamente a identidade da criança destruindo sua autoestima. Isso porque, crianças e adolescentes que sofrem com a violência sentem-se culpados pelos maus tratos vividos responsabilizando a eles próprios (muitas vezes reforçados pela autoridade que também os responsabiliza: “você pediu para apanhar”).
Quinta questão: A família é um espaço de intimidade, no qual seus membros devem buscar refúgio sempre que se sentem desamparados e desprotegidos. Como garantir este ambiente seguro numa relação pautada pela violência?
Sexta questão: o diálogo, o respeito à criança, o exercício da paciência e o limite discutido são alternativas bem mais eficientes do que as violências físicas e psicológicas (não se bate numa criança, mas, também, não se maltrata, não se humilha nem se pratica nenhuma violência psicológica).
Sétima questão: uma infância envolta aos castigos corporais aumenta as chances de um casamento no qual haja violência doméstica é o que nos mostram muitas pesquisa, dentre as quais podemos citar Taylor, C. A. et al (2012), “Use of Spanking for 3-Year-Old Children and Associated Intimate Partner Aggression or Violence”, Pediatrics 126(3), 415-424.
Oitava questão: Um estudo analisou quase 4 mil crianças concluiu que palmadas com 1 e 3 anos estavam associadas com problemas de comportamento, déficits cognitivos e aumenta o risco de agressividade e depressão aos 3 e 5 anos. Maguire-Jack K, Gromoske AN, Berger LM. Spanking and child development during the first 5 years of life. Child Dev. 2012 Nov;83(6):1960- 77.Doi:10.1111/j.1467-8624.2012.01820.x. Epub 2012 Aug 3.
Nona questão: enquanto apanha a criança direciona toda sua atenção para lidar com a dor que sente ao invés de prestar atenção ao que o adulto diz. Se quer, realmente, educar uma criança olhe ela nos olhos, prenda sua atenção ao que deseja que ela aprenda.
Décima questão: Crianças que apanham e são educadas por pais autoritários e agressivos estão mais suscetíveis a práticas de bullying, tanto na posição de autores como de alvos deste fenômeno.
Bem, penso que já temos muitos dados de pesquisa que podem nos demover da crença de que bater educa. Com isso, podemos estar atentos a outras formas de educar as crianças, nas quais o respeito à dignidade e a compreensão de seus processos de desenvolvimento façam parte.